Em 1993, qualquer nova banda já era tachada de Grunge, ainda mais quando lançavam um disco como “Pablo Honey”, perpetuado pela pesada “Creep”, termo esse usado ao extremo nas letras e nomes de músicas da trupe de Seattle.
Inquietos, em 1995, lançam seu segundo álbum, o transitório “The Bends”, guitarras mais trabalhadas, linhas de melodias harmônicas, tirando todo receio de que Radiohead era uma banda grunge. Um termo nascia a partir daí: diferentes.
Num belo dia, em meados de junho de 1997, os pássaros cantaram, as flores abriram e o mundo sorriu para os Radioheads. A história da música agradeceu uma das maiores revoluções (ou evolução) do rock, o impressionante “Ok Computer”. Das brincadeiras de esconde-esconde no encarte até as magistrais “Paranoid Android, “No Surprises” e “Karma Police”, o álbum é uma sessão de acertos e originalidade, digno de comparações ao célebre álbum Branco dos Beatles.
E agora? Como revolucionar o já revolucionado? O introspectivo vocalista – Thom Yorke dava novos rumos a banda em suas entrevistas, frases como: “O rock morreu”, “Há mais beleza em ritmo do que em riffs” tomaram proporções canônicas para a imprensa especializada e bestiais aos fã.
Até que surgiu, em 2000, a controvérsia, o insano, o apedrejado “Kid A”. Assinando todos os comentários do inquieto vocalista, o disco flerta com a psicodelia, o electro e o Krautrock germânico. Desconstrutivo e semiótico, quanto mais aprofundado mais vazio ficavam as explicações sobre o disco. Numa ascendente criativa lançaram na sequência as sobras do disco, o meia-boca Amnesiac, de 2001.
Até então, eles já passaram pelo britpop, pelo legado grunge, a psicodelia e outros afins, mas não conseguiram o equilíbrio. Faltava às engrenagens se encontrarem, o ritmo com as guitarras, a desconstrução com a harmonia, nada muito complicado para o quinteto.
Hail to the Thief, de 2003, mostrou uma parcial volta às origens. “2+2=5” e “There, There” seriam ótimas canções para um lado B de “Ok Computer”.
Grandes revoluções começam de pequenos atos e, pensando nisso, o álbum seguinte se resumiria, seria o vórtex da banda. Antes das músicas, a inovação fora na distribuição, pelo site da banda, em 2007, foi permitido o download sob a seguinte afirmativa: “ Quer pagar quanto?”. Se optasse pelo não pagamento, sem problemas, o álbum estaria a sua disposição em poucos cliques, mas depois da primeira audição você teria a certeza que um sentimento de culpa o tomaria por inteiro – não é mentira, aconteceu comigo.
Da ação a reação, “In Rainbows” foi o equilíbrio entre o sintético e orgânico, a amalgama de “Kid A” e “Ok Computer”. Álbum que rendeu a primeira passagem pelo Brasil em de março de 2009.
“King of the Limbs”, mais novo trabalho, com 8 faixas (ainda?!), é a nova aposta da banda. Do lançamento do clipe de” Lotus Flower” até a audição mais profunda passaram-se 2 semanas e neste período a sensação de amor e ódio era tênue, um fio de cabelo na navalha criativa da banda.
O que cortou foi a sonoridade das guitarras, resultando um disco monótono, baseado num math rock que não é muito a praia deles. O frenezi de Greenwood aparece em poucas músicas, ou melhor, aparece nas melhores músicas: “Little by Little” e “Separator”. Destaque fica ainda para a atuação de Thom Yorke no clipe, uma mistura de Iggy Pop e Ian Curtis, está bom, com um pouco de lambada também.
O “Rei dos membros” é imperfeito, de difícil digestão e está longe de ser uma unanimidade, por mais que você seja fã ou insista em ouvir o álbum, ele não figura entre as obras da banda – é o “Amnesiac” do “In Raibows”, se assim podemos falar, o disco diferente do igual mais fraco da banda, simplesmente complicado assim.
Leia ouvindo:
Dry The Rain – Three Eps – Beta Band
Reckoner – in Rainbows – Radiohead
The Man-machine – The Man-machine - Kraftwerk
por Daniel Santos
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